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As Principais Lesões em Praticantes de Corrida - Parte 1

    Muitos praticantes de corrida, costumam sofrer com lesões que são frequentes no esporte. Neste artigo citaremos algumas das principais lesões, o que pode provocá-las e dizer ainda como o treinamento de força (musculação) pode ser benéfico para prevenir e/ou tratar estes casos. Como vimos no artigo anterior, o treinamento de força promove vários benefícios a qualquer indivíduo, seja ele fisicamente ativo ou sedentário, praticante de desportos ou não, jovem, adulto ou idoso, homem ou mulher. Vimos também que o treinamento de força vem se tornando frequente em praticantes de corrida de rua, fato antes bastante raro dentre os corredores, pois havia muitos mitos em relação a esta aliança.

     Enfim, vamos tratar do tema do artigo, que são as lesões em praticantes de corrida. Dentre os vários tipos de lesões, podemos citar:

 

  • Tendinite de Tendão de Aquiles: É uma inflamação no tendão que liga a panturrilha ao calcanhar e normalmente está associada a indivíduos com sobrepeso e que costumam fazer treinos e/ou provas “puxados” demais. Em cada passada o tendão de Aquiles do corredor absorve um impacto equivalente a várias vezes o seu peso. Quanto mais pesado for o corredor e mais rápido correr, maior será o impacto no tendão. Uma maneira de prevenir é realizando o treino de flexibilidade com frequência, fazer um aquecimento específico antes dos treinos e provas. Também é importante evitar correr em percurso com muitas subidas, assim como aumentar drasticamente a quilometragem semanal dos seus treinos.

 

  • Síndrome de Estresse Tibial Medial (Canelite): Caracteriza-se por dor e inchaço ao longo da parte frontal da perna (canela). Normalmente atinge corredores com pisada pronada ou super pronada (o pé vira para dentro quando se pisa no solo), porém indivíduos com pisada supinada ou neutra também podem sofrer com a canelite. Normalmente, o movimento fisiológico da pronação do pé, serve para dissipar as forças de reação do solo, para que o impacto seja reduzido. No entanto, quando ocorrer a pronação excessiva do pé, são impostas forças de tração e compressão maiores sobre as unidades musculares relacionadas com a lesão. Para prevenir, é bom tomar cuidado com o uso de tênis adequado tanto para a prática de corrida, quanto para o seu tipo de pisada, realizar o treino de flexibilidade com frequência, além de procurar fortalecer os músculos tibiais com exercícios de musculação apropriados (dorsiflexão dos pés) pelo menos uma vez na semana com 3 séries de 12 repetições. Em casos de dor, procurar dar uma pausa nos treinos de corrida e tratar com gelo, alongamento e fortalecimento na musculação com o exercício citado acima.

 

  • Tendinite do Tendão Patelar (Joelho de Saltador): Caracteriza-se por ser uma dor na parte frontal do joelho (no tendão que une a rótula à canela). Normalmente, homens com sobrepeso, que praticam esportes com exigem muitos saltos ou que aumentam a distância semanal dos treinos de corrida exageradamente, podem sofrer com este tipo de dor, porém isso não quer dizer que mulheres não sofram com este tipo de dor. O tendão patelar é o responsável por fazer a extensão da perna durante a corrida ou saltos, mas a repetição dos movimentos pode causar pequenas rupturas no tendão. Depois de vários anos de atividade e um aumento excessivo de quilometragem, o corpo pode sentir dificuldades em reparar essas rupturas. O peso excessivo do corredor poderá acentuar a possibilidade de lesão. Para procurar evitar este tipo de lesão é importante manter o peso baixo, praticar musculação com exercícios de fortalecimento específicos como Leg press, Hack machine e agachamentos, além de evitar aumento abrupto de quilometragem dos treinos.

 

  • Síndrome Patelo-Femoral (Dor no Joelho): Também conhecida como condromalácia, se trata de uma dor no joelho e enrijecimento em torno da rótula. Normalmente mulheres sofrem com este tipo de lesão, sejam elas corredoras ou não. Isto se deve à anatomia feminina, com quadris mais largos e normalmente joelhos aproximados um do outro (genu valgo). Normalmente as rótulas deslizam suavemente pelas ranhuras na extremidade do fêmur (osso da coxa), mas nas mulheres, por também possuírem articulações mais flexíveis do que os homens, existe uma probabilidade maior das rótulas desalinharem, provocando a dor no joelho. A dor tende a ser mais intensa em baixa velocidade, assim como ao levantar de uma cadeira, subir e descer uma escada ou degrau. A maneira de tratar e/ou prevenir este quadro de dor é com exercícios de alongamento, além de realizar fortalecimento do quadríceps (músculos anteriores da coxa).

 

  • Síndrome da Banda Iliotibial (Joelho de Corredor): Trata-se de uma inflamação da extremidade inferior da banda de fibras que passa pela parte externa da coxa atravessando o lado externo do joelho e se ligando à parte lateral de cima do osso da perna (tíbia), causando dor na lateral externa do joelho. Normalmente associada a mulheres com sobrepeso e/ou que façam treinos longos com mais de duas horas ou com muitas subidas, além de indivíduos (homem ou mulher) que costumam correr em ritmo forte, especialmente na descida de ladeiras. As causas, normalmente, são: • Encurtamento da banda iliotibial; • Fraqueza do músculo glúteo médio e maior ativação do músculo tensor da fáscia lata; • Aumento abruto da intensidade do treinamento – treinamento sem orientação de um profissional; • Pronação excessiva dos pés; • Calçado inadequado para seu tipo de pé; • Posicionamento incorreto dos pés no pedal da bike – uma dica é posicionar o pedal com o calcanhar aproximadamente 6° para fora • Altura incorreta do banco da bike; • Corrida em terrenos irregulares, subidas e descidas em excesso; • Joelho varo (arqueado para fora), torção tibial ou epicôndilo lateral do fêmur anormalmente saliente. Uma forma de prevenir e/ou tratar é com a realização de alongamentos, principalmente da musculatura que envolve a região da lesão (trato iliotibial), uso de gelo e fortalecimento da musculatura da coxa (quadríceps e ísquio sural), assim como da musculatura do glúteo (em especial o glúteo médio).

 

     Bom, por enquanto iremos abordar somente estas lesões encontradas acima. No próximo artigo, iremos citar os outros tipos de lesões e como fazer para prevenir e/ou tratá-las. Espero ter sido útil com as dúvidas dos leitores e me coloco a disposição para qualquer dúvida que apareça. Lembrando que, sempre é necessário procurar um profissional especializado para tratar qualquer tipo de dor ou lesão (médico, fisioterapeuta e consequentemente um profissional de educação física), para que em conjunto possam tratar com eficiência determinado tipo de caso.

 

     Grande abraço! 

 

     Referência: Walker, Brad. Lesões no esporte: uma abordagem anatômica. Barueri, SP: Manole, 2010

O Prof. Esp. Geraldo Lopes tem como formação: 

 

Licenciatura Plena em Educação Física pela UFRJ,

 

Pós Graduação em Atividade Física Adaptada e Saúde pela Universidade Gama Filho; 

 

Ciências da Performande Humana pela UFRJ. É fundador e coordenador da VO2 Adventure Assessoria Esportiva

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